…de Xerém no Catar.

Não sei se todos estão acompanhando a jornada do time sub 18 em Dacar, mas nossos meninos estão na final do torneio Al Kass International Cup em disputa em Doha, no Catar, que será realizada nesta quinta-feira, dia 7 de fevereiro, às 11.30 horas (de Brasília) contra o PSG da França.

A campanha do Flu é brilhante e só perdeu um jogo, justamente para o PSG, na estréia, por 2×1 depois de estar vencendo boa parte do jogo por 1×0. Levou um gol de virada num pênalti meio infantil (redundância).

Estréia é sempre complicada, ainda mais para os meninos de Xerém, inexperientes, que devem ter se assustado com a grandiosidade do torneio, com toda a sua badalação, e se intimidado. Os garotos do PSG estão mais acostumados a grandes jogos na Europa.

Devidamente batizada, a garotada tricolor, desfilando os belíssimos uniformes branco e tricolor, seguiu no torneio vencendo o Al Nasser da Arábia Saudita por 2×1 e os gigantes Real Madrid (1×1 tempo normal e 4×3 pênaltis) e Inter de Milão (3×1).

Diferentemente dos atletas europeus, os meninos de Xerém, muitos deles vindo de famílias pobres, com infância sofrida e com baixa auto-estima, superam seus limites diante de adversários do primeiro mundo, onde pobreza é somente notícia de jornal, demonstrando a importância do trabalho feito na base do Fluminense. Antes de ser uma escola de futebol, Xerém é uma alternativa de superação das adversidades, que dá oportunidades reais a crianças e jovens que talvez jamais tivessem condições de romper o ciclo da pobreza e se tornarem adultos ajustados, úteis e reconhecidos na sociedade. Quantas dessas crianças, salvo uma ou outra improvável exceção, poderiam sonhar em estar no Oriente Médio um dia na vida, e muito menos antes dos 18 anos de idade?

Como é rotineiro, nada de notícias nos jornais e sites de esportes de mais esse feito extraordinário do Fluminense. Meras chamadas de canto de página, discretas, nada mais. Pelo menos eu não sei como foram os gols e tive que garimpar essas notícias para saber a quantas andavam nossos meninos. Se fosse Flamengo ou Corinthians certamente as manchetes teriam  se aberto para enaltecer o feito desses clubes. É injusto e desigual. Essa imprensa segregadora não merece ostentar uma linha sequer sobre uma eventual vitória tricolor na final para vender jornal, sites ou programas de TV.

Os parabéns vão para a direção do Fluminense pelo belo trabalho que vem fazendo com a garotada, resgatando crianças de uma vida muitas vezes sem perspectivas para lhes dar a oportunidade de se tornarem bons cidadãos e orgulharem seus pais, em alguns casos até salvando-os de uma vida de miséria. Parabéns aos meninos, que superaram com disciplina e determinação as vicissitudes da vida e se inserem ainda tão jovens na galeria dos grandes atletas do Fluminense. Mesmo que não ganhem o título, coisa que acho improvável, já que são pequenos guerreiros que honram as tradições do Fluminense, em breve estarão desfilando seu futebol nos gramados do Brasil e do mundo, envergando o belo uniforme tricolor que já pertenceu a Castilho, Preguinho, Rivelino, Waldo, Pinheiro, Telê, Assis, Conca e tantos outros jogadores eternizados pela bola de futebol.

Cada vez mais sinto orgulho de ser tricolor.

Jorge Dantas

Panorama Tricolor

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