A enigmática goleada do Fluminense (por Marcelo Savioli)

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Amigos, amigas, eu tive a curiosidade de rever aquilo de que eu já desconfiava. Preparem-se, pois, que já vem polêmica por aí.

Não sei se os amigos concordam, mas as duas melhores exibições do Fluminense na temporada foram contra Bangu e Madureira. Não por outra razão, assinalamos dez gols nessas duas partidas, cinco em cada uma.

Vamos, para começar, a alguns dados estatísticos. O Bangu, no primeiro turno do Flamengão, sofreu 7 gols em 6 jogos. Cinco desses gols foram marcados pelo Fluminense.

Já o Madureira, sofreu 10 gols em 7 jogos no Flamengão inteiro, contando Taça Guanabara, sendo que metade, 5 gols, foram marcados pelo Fluminense.

O que temos em comum nesses dois jogos?

1 – Ausência de Nenê (que é para colocar fogo no circo).

2 – Yago foi titular.

3 – Atuamos em algo parecido com um 4-4-2, com os atacantes flutuando.

4 – Julião foi titular.

Quem ouviu a entrevista de Yago antes do jogo imaginou que o Fluminense atuaria num 3-4-1-2 na transição ofensiva. Yuri afundaria no meio dos zagueiro, deixando Hudson e Yago com a função de fazer a aproximação do setor ofensivo, com o apoio dos alas: Julião  e Egídio.

Marcos Paulo faria a função parecida com a de Nenê, sendo que restariam dois atacantes: Wellington e Evanilson.

O problema é que ficava muito claro que essa ideia não funcionaria, porque Wellington não tem o menor cacoete para fazer dupla de ataque com ninguém.

Isso ficou claro quando pudemos perceber que sempre voltava na intermediária para buscar bola para iniciar as jogadas ofensivas. O problema era para quem, já que ele era para ser o atacante.

Ao mesmo tempo, Marcos Paulo parecia agarrado ao lado esquerdo, quando precisaria centralizar e se aproximar dos meias para dar fluência ao jogo.

Não sei se foi combinado, mas o fato é que ainda no primeiro tempo a bagunça se arrumou e já explicamos como.

Antes, porém, é preciso desfazer qualquer relação entre o gol que levamos hoje, também no início de jogo, do que aconteceu contra Moto Clube e Flamengo.

Naqueles jogos, os gols foram decorrentes do assédio sobre a nossa saída de bola, totalmente descoordenada. No jogo de hoje, nada foi além de uma bola vadia, uma cobrança de falta da intermediária em que nossa defesa falhou de forma bisonha.

O Madureira não incomodou, em momento algum, nossa saída de bola, o que deixou nossa dupla de volantes, Yuri e Hudson, plenamente à vontade para flutuar à frente da zaga e tentar, sem muito sucesso, armar o jogo.

Aliás, em compensação, formaram dois blocos de quatro homens à frente da meta, que pareciam, no começo da partida, intransponíveis.

Até que veio aquele momento de sobriedade. Sem ter a quem marcar, Yuri e Hudson deixaram de revezar no meio da zaga e formaram uma barreira ofensiva na intermediária. Wellington e Yago, que jogavam mais abertos, próximos aos laterais, se aproximaram de Marcos Paulo e Evanilson.

Foi o suficiente para que as trocas de passe por dentro aparecessem, com muito mérito para Wellington e Yago, e a última linha do Madureira ficasse pressionada, até que o menino cometeu um pênalti desnecessário em Wellington.

Pressionado e perdido em campo, o Madureira entregou o segundo gol para Marcos Paulo, que ainda aproveitou um passe precioso de Wellington para dar  assistência impecável, ante a saída do goleiro, para Evanilson liquidar o jogo ainda nos acréscimos do primeiro tempo.

Erros do Madureira, sim, mas sem tirar o mérito do Fluminense, que soube pressionar e deixar desconfortável um time disposto a só se defender.

Com Yuri, Hudson, Yago e o carrossel ofensivo, formado por Marcos Paulo, Wellington e Evanilson, o Fluminense manteve a intensidade na segunda etapa. Intensidade improvável com jogadores como Henrique, Ganso e Nenê.

O Madureira não foi bobo de sair para o ataque e continuou pressionado. Odair decidiu, então, colocar Miguel no lugar de Yuri. Acreditem, com o Fluminense vencendo por 3 a 1.

Para complicar mais a vida do Madureira, ainda tirou Evanilson e Wellington, no decorrer da partida, para colocar Fernando Pacheco e Caio Paulista, jogadores com visível potencial físico, que o diga Jorge Jesus.

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. O Madureira não sabia se corria ou se ficava. Sofreu mais dois gols. O último, num passe de almanaque de Miguel para Hudson, que chegou como homem surpresa.

Vamos convir que os dois primeiros gols foram em falhas da defesa do Madureira, mas vamos admitir que jogar pressionado o jogo inteiro torna um time passivo desses erros.

O quarto gol foi irregular, pois Marcos Paulo cometeu falta na roubada de bola. Mesmo assim, fizemos dois gols de bola trabalhada, algo que não foi visto contra o Moto Clube, mesmo o Fluminense tendo feito 4 gols.

Aliás, por falar em gols, foram 3 no Botafogo, 2 no Flamengo, 4 no Moto Clube e 5 no Madureira. São números que precisam entrar em qualquer análise, porque foram gols marcados de forma diferente e em situações diferentes.

Tudo isso mostra o poder de fogo ofensivo do Fluminense. Não é papo furado, é estatística purinha.

Então, por que diabos fomos eliminados da Sul-Americana?

Escalações totalmente equivocadas, essa é a resposta.

Parece que Julião funciona, para a equipe, melhor que Gilberto. Yago não pode ser reserva nesse time, assim como Marcos Paulo e Wellington. Wellington foi, aliás, o melhor armador da equipe no jogo de hoje, mas não faz cócegas na defesa adversária atuando como atacante.

Que encrenca!

Hudson produz mais do que Henrique, mas é pouco funcional, assim como Yuri, na saída de bola por dentro. Não obstante, a dupla foi muito bem defensivamente. O Fluminense negou oportunidades de gol ao Madureira.

Tem que jogar os dois?

Acho que não. Caso houvéssemos enfrentado um adversário que pressiona a saída de bola, teríamos saído de cabelo em pé.

Enfim, eu não estou preocupado em oferecer respostas, apenas estou colocando dados para que os amigos possam analisar, sem deixar, claro, de defender alguns pontos de vista que tenho desde o início da temporada, quais sejam:

  • dois, e não três, atacantes;
  • Yago titular como segundo homem de meio de campo;
  • aproximação por dentro;

No mais, acho o time engessado com Nenê, mas não por causa do Nenê. O problema é colocar dois volantes protegendo a área, dois atacantes abertos, dois laterais abertos, nenhuma verticalidade e nenhum povoamento por dentro, o que não aconteceu hoje e contra o Bangu.

Jogando dessa forma, vamos depender exclusivamente do Nenê.

Para não me omitir, sem bagunçar muito o time do Odair, eu iria para quarta-feira com;

Marcos Felipe; Julião, Nino, Digão e Egídio; Hudson; Yago, Nenê, Marcos Paulo e Wellington; Evanilson.

Não é meu time preferido, mas um 4-1-4-1 que concilia o que eu penso com as ideias do treinador e o aproveitamento do que temos de melhor.

Saudações Tricolores!!!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @MauroJacome

#credibilidade