A desumanidade contra Lelê (por Claudia Mendes)

Muito se fala que não é só futebol. Não mesmo. Esse esporte que move multidões, milhões e emoções também tem seu lado que não é legal.

No jogo com o Colo-Colo teve uma demonstração horrível de falta de solidariedade, de humanidade. Sem juízo de valor, se o atleta é bom ou não, se o clube investiu errado adquirindo o seu passe, em nada justificam as sonoras vaias de uma pequena parte da torcida tricolor quando Lelê saia de maca contundido, com dores. Inacreditável.

A torcida mais linda, colorida e envolvente não pode permitir uma coisa dessas. Não sei de onde partiu essa atitude covarde. Só lamento, porque esse não é um protesto democrático num estádio de futebol, onde a vaia também faz parte do show. Não foi o caso. Aliás, longe disso. Se me causou incômodo, já imaginaram ao Lelê? Vaiado pela própria torcida, a mesma que deveria apoiá-lo.

Não sou santa, nem puritana. Frequento estádios desde criança. Vaio, xingo, grito palavrões como todo mundo. E quer saber? Nesse caso nem o adversário merece isso. Pra ser sincera, nunca fiz coro de “bichado” quando Zico era nosso principal algoz. O cara precisava de morfina para aliviar as dores no joelho. Sabem lá o que é isso? Na linguagem popular, uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.

Não vamos deixar o futebol ficar manchado por essas atitudes de uma minoria que poderia ter ficado em casa. Respeito é fundamental. Bora zoar e protestar. Mas um pouquinho de educação e discernimento não fazem mal a ninguém.