A bola está ficando quadrada (por Zeh Augusto Catalano)

puzzle-bolas-esportes-01Ou o futebol brasileiro se permite mudar, ou caminha para um abismo irreversível. Tramóias que dão certo, times em situação falimentar, empresários ganhando dinheiro às custas de times – grandes ou pequenos – de aluguel.

Não pude ver os jogos de sábado, mas testemunhei grande parte da partida entre os reservas do Flamengo e o Audax. Tirando o técnico Válber, o goleiro Jaspion Yamada e o inacreditável Jorginho Paulista, o jogo foi de uma pobreza técnica inaceitável, com a maioria dos jogadores sendo de nível incompatível com as tradições de um Flamengo. Claro, não estou falando do Flamengo mas de todos os nosso times.

Leomir era banco no time de 84. Renato e Lira também eram banco. Luis Carlos Martins era banco no Vasco de 87. Não posso acreditar que, em 30 anos, tenhamos desaprendido de forma tão brutal a jogar futebol. Não posso crer que não existam jogadores decentes de futebol em quantidade para que o Vasco ou o Flu não tenham 25 caras bons de verdade para por em campo. Quem ganha com isso? Qual a equação de um clube para pagar (é chute, não sei o valor exato) 200 mil para um Renato Silva agredir a história da Cruz de Malta? Qual o suporte para que esse não-jogador tenha sido mantido no plantel do Vasco e tenha sido escalado com todos os técnicos que por lá passaram durante todo o ano de 2013? Será que não existe beque melhor que Leandro Euzébio no país? Quanto ganha? Quem é o empresário?

***********************************************************************************************************

Semana passada, numa mudança sem precedentes, a Major League Baseball instituiu uma pesada modificação de regras, modernizando uma série de pontos do jogo. Tais mudanças, antes de serem efetivamente oficializadas, são validadas pela entidade e pelas associações de jogadores e técnicos e pela de juízes. Só ai vira regra e é divulgada.

A mais surpreendente e revolucionária é um nova forma de revisão das jogadas.

Os técnicos dos times (franquias) passam a ter direito a um (único) desafio a uma decisão da arbitragem por jogo. Esta decisão é revisada não pelos umpires (juízes – 6 por jogo), mas por uma equipe de árbitros presente num estúdio em Nova Iorque, especialmente escalada (haverá um rodízio, como se este fosse um jogo comum) para revisar todas as jogadas questionadas de todos os jogos da rodada. Essa equipe terá acesso a todas as imagens, ao vivo, de todas as partidas (muitas simultâneas), pois a geração é padronizada pela MLB. O mais incrível: a decisão desse time será definitiva, prevalecendo sobre a decisão de campo.

Enquanto no futebol Dona FIFA tira o cronômetro dos estádios, proíbe replays imediatos e tenta censurar e proteger os erros do juiz e bandeirinhas, a MLB permitiu também a exibição dos replays no estádio, exatamente para incentivar a presença dos torcedores. A desculpa de que a TV justifica você ficar em casa para poder ver o jogo melhor não existe mais. O estádio inteiro vai ver acertos e erros.

Preocupação com a proteção aos juízes? Nenhuma. A preocupação é com a lisura do jogo. Com a redução da quantidade de erros. Repare, nada disso garante que não vão mais ocorrer erros. Mas certamente as medidas vão reduzir sua quantidade.

************************************************************************************************************

O momento é preocupante. Não apenas para Vasco ou Flu, mas para o futebol no Brasil.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri 

Imagem: blogdebrinquedo.com.br

PAGAR