A base e o domingo (por Marcelo Vivone)

Categoria de base e rodada de fim de semana

Foi com tristeza que recebi na noite de terça-feira do meu amigo Marcelo Duarte (Foca) a notícia de que o jovem e promissor Wallace fora vendido. Depois da notícia, trocamos alguns e-mails em que contextualizamos a venda com a situação financeira do clube, o trabalho que tem sido feito pela diretoria e a atuação da Unimed e chegamos a algumas conclusões.

É inegável que o clube faz um belíssimo trabalho na base e que as vendas são resultados diretos da qualidade dos frutos que são anualmente colhidos. Por outro lado, dói no torcedor ver um garoto de 18 anos, com grande potencial de crescimento e que sequer conseguiu firmar-se no time de cima, ser vendido para o velho continente.

Os detalhes divulgados sobre a transação dão conta de que a parte que cabe ao Flu é de 60% do total da transação, o que equivale a aproximadamente R$ 14,3 milhões de reais. É sem dúvida um bom dinheiro, mas quanto poderia valer um jogador como ele daqui a 2 anos? Por quanto foi vendido o outro lateral (Fabinho) e por quanto foi repassado ao Real Madrid?

O que acontece hoje no Fluminense é que por melhor que seja o trabalho da diretoria atual, não há como sanar em apenas 2 anos todo um legado de erros gerados pelas várias irresponsáveis administrações anteriores. Serão precisas várias administrações como a atual para livrar o Fluminense da bola de ferro que hoje está amarrada aos seus pés.

Uma consequência óbvia dos problemas financeiros com o qual o clube convive é a utilização de suas jovens promessas, tão cobiçadas pelos clubes europeus, para equilibrar as finanças e terminar o ano zerado ou em pequeno prejuízo contábil. Essa é uma prática que o clube tem utilizado já há algum tempo.

Olhando sob essa perspectiva, é até “menos mau” que tenhamos esse recurso para sanar as nossas dívidas. Tento imaginar o que seria do clube hoje ter o passivo de dívidas que tem e não haver esse recurso para soluções pontuais, como é o caso de Botafogo, Flamengo e Vasco, o primeiro sem nunca ter sido clube formador e os 2 últimos tendo deixado de sê-lo há tempos.

Torço para que pelo menos essa opção por Wallace sirva para preservar durante mais alguns anos, principalmente, o Wellington Nem. E que, se possível, também nos garanta a permanência de Marco JR, Higor, Wellington Carvalho e tantos outros nomes que, se tiverem tempo de firmarem-se no profissional do clube, certamente nos darão muitas alegrias.

A torcida é ainda maior para que lá pelo meio do 2º mandato do Peter (espero que ele seja reeleito) o clube consiga segurar durante mais algum tempo as suas revelações. O que teríamos de retorno em títulos e, consequentemente, em termos financeiros se tivéssemos conseguido manter no clube jogadores como Marcelo, Maicon Bolt e tantos outros?

****************************************************************************

Embora ache que seremos campeões somente no jogo contra o Cruzeiro, são reais as possibilidades de conquista já no domingo. Para isso, basta que ocorra qualquer combinação de resultados em que o Flu ganhe mais pontos do que o Atlético/MG. Por isso, é natural que a ansiedade da torcida seja maior a cada dia e comigo acontece rigorosamente o mesmo.

Acho até que seria mais bonito que o título viesse numa partida em casa, ou pelo menos no Rio, já que hoje não temos casa. Mas é claro que prefiro gritar campeão já nesse final de semana e evitar nova semana de ansiedade. Gostaria de ir ao estádio no outro final de semana já portando a faixa de campeão e ver o jogo relaxado.

A sensação de comemorar um título e desfrutar nas semanas anteriores da expectativa da conquista é um sentimento inexplicável e nos últimos tempos voltamos a vivê-las como nenhum outro time. Que os novos ares que tomam conta das Laranjeiras nos permitam vivenciar esses momentos infinitas vezes nos próximos anos.

 

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

3 Comments

  1. Vivone parabéns por mais uma coluna sóbria e com visão, é realmente triste ver um jogador como Wallace indo tão novo com um potêncial tremendo, eu já manifestei inúmeras vezes como sou insatisfeito de ver Bruno jogando e o garoto no banco, aí eu te pergunto será que o Bruno vai interessar aos europeus ??? Duvido, os caras sabem quem joga e mais uma promessa que se vai e se perdemos o jogador e o dinheiro que ele daria daqui a 2 anos.

    Um abração

    Jorand

  2. Caro Vivone,

    Infelizmente, o Fluminense chegou a um ponto tão desesperador, inundado em dívidas, que esta solução – venda de jovens promessas – é inevitável.

    Acho, também, que devemos buscar prolongar o máximo possível o tempo destes meninos em nosso Fluzão. Entretanto, alguns ainda sairão um pouco cedo, em razão do bolo imenso em que estamos atolados.

    Mas, devo concordar com a observação do Mauro Jácome e, creio que estes intervalos irão, inevitavelmente, aumentar. Com isto, veremos nossas promessas, cada vez mais, por mais tempo.

    Em relação ao Wallace, também acho um exagero o blá-blá-blá em torno de seu nome. Trata-se sim de uma boa promessa, mas pode não vingar. Antes a venda do Wallace do que do Nem, que já é uma baita realidade.

    Mas, devemos ficar de olhos abertos na situação do Lucas Patinho. É outra grande promessa, de muita técnica, que está emprestado ao Sporting (Portugal) se não me engano e, pelo que já li, o mesmo está doido para ser vendido logo!

    Quanto ao título, aposto neste domingo. O Vasco não vai perder a sétima partida seguida, logo para o simpático Patético MG. E nós, vamos conseguir mais uma magra vitória sobre o desesperado Palmeiras!

    Domingo: É TETRA!

    ST, Luiz.

  3. Excelente! Acho que, com a nova política, a necessidade de vendas para manutenção aumentará de intervalo de tempo, mas dificilmente acabará. O ideal é que se consiga maximizar a valorização. Com relação especificamente ao Wallace, ainda não vi justificativa para essa valorização. Tem potencial para ter um “estilo Mariano” – força, explosão e velocidade – mas é inibido, arrisca pouco. Retirando-o do contexto muito bem relatado pelo Marcelo, foi muito bem vendido.

Comments are closed.