A alegria de Cafuringa (por Paulo Rocha)

Numa semana especialmente triste para mim devido às datas de falecimento de dois de meus super-heróis (de Ézio e também de meu pai), pensei em escrever a coluna no mesmo tom. Seria óbvio. Contudo, como estamos vivendo um momento de tantos dissabores, mudei de ideia e resolvi lembrar Cafuringa, alegre personagem tricolor, que estaria completando 72 anos caso ainda estivesse neste plano existencial.

Acompanhei a parte final da carreira de Cafuringa nos jogos do Fluminense no Maracanã e também nos treinos, nas Laranjeiras. Engraçado que, mesmo não sendo um virtuose na acepção da palavra, o ponteiro tinha o dom de incendiar a arquibancada com seus dribles vai-não-vai, inspirado nas obras criadas pelo Anjo das Pernas Tortas, Garrincha.

Quantas vezes vi Cafuringa levar à loucura seus marcadores. Como levou a zaga campeã mundial do Bayern de Munique – Beckenbauer incluído – em memorável amistoso que teve vitória da Máquina Tricolor por 1 a 0, no então maior estádio do mundo.

Sua irreverência era notada também nos treinamentos. Brincava com companheiros, funcionários, dirigentes… tinha a cara do Fluminense. E apesar de ter marcado poucos gols (sua especialidade era servir aos centroavantes), alguns foram antológicos. Como o que decidiu o Fla-Flu do Campeonato Brasileiro de 1977 sob um dilúvio no dia do aniversário do arquirrival.

Nesta semana, na qual sinto tanta falta do carinho de meu pai, dos gols do “Super” Ézio nos grandes clássicos, a lembrança de Cafuringa e sua alegria me lava um pouquinho a alma. Não há tristeza que possa durar para sempre. As lembranças, essas sim, viverão eternamente em nossos corações. Que possamos nos levar menos a sério e consigamos ser mais felizes.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade