A aflição voltou (por Paulo Rocha)

paulo rocha green

Se a conquista da Primeira Liga deu a impressão que o Fluminense havia se encontrado e prometia coisas boas para a temporada 2016, essa impressão de desfez após os dois últimos jogos, contra duas equipes abissalmente inferiores tecnicamente. No caso da derrota para o Botafogo, que nos eliminou do Campeonato Carioca, ainda é possível encontrar desculpas, afinal, o time estava cansado e “de ressaca” após a final contra o Atlético-PR, além de o duelo tratar-se de um clássico estadual, temperado por centenária rivalidade. Porém, no empate com Ferroviária, ficou claro que os tricolores precisam se reestruturar técnica, tática e emocionalmente para não darem vexame no Brasileirão.

É importante lembrar: o time de Araraquara não foi o mesmo que fez boa campanha no Paulista, mas um cata-cata reunido às pressas após a debandada de seus principais jogadores – dois deles, por sinal, estavam emprestados pelo Fluminense, o lateral-direito Igor Julião e o centroavante Samuel. Nem o técnico é o mesmo. Além disso, jogou com um homem a menos desde o final do primeiro tempo, quando seu goleiro foi expulso. Não consigo enxergar outra razão para a atuação pífia que não seja o fato de que o time subestimou a Ferroviária. Após ter aberto vantagem de dois gols – injusta, diga-se de passagem – os jogadores calçaram o que chamamos na gíria do futebol de sapato alto. No fim, por sorte, escapou da derrota.

É preciso que Levir Culpi dê uma senhora bronca nos seus comandados e descubra, com urgência, onde está o foco da desatenção. Todo o time foi muito mal, mas dois jogadores, especificamente, exageraram: o zagueiro Henrique e o meia Gerson. O primeiro é incapaz de ganhar uma disputa no mano a mano contra o mais desprovido adversário. No lance do terceiro gol da Ferroviária, ele perdeu a disputa com o atacante de forma ridícula e ainda tomou um drible desconcertante antes da certeira (e bela) conclusão. Eu, assistindo pela televisão, senti vergonha, sim, foi o que senti.

Quanto a Gerson, o caso é outro. Ao ser negociado a Roma, ele afirmou que não gostaria de ir embora sem antes conquistar um título trajando a camisa tricolor. Pois bem, já conseguiu; e agora, o que pretende, o que almeja? Além de se considerar o Pogba sul-americano, não mostra o mínimo de comprometimento, joga para si, não para o time. E para que jogar para o time se nos dará adeus no meio deste ano e não “aparecerá na foto” das conquistas que ainda podem ser comemoradas nesta temporada?

A única boa notícia foi que Fred voltou a fazer gols. É importante que esteja de cabeça boa para os desafios que virão, os adversários o temem. Mas ficou evidente que se a diretoria não se mexer vamos passar por mais vexames. E Levir vai precisar de muita perícia para que as coisas não cheguem a tal ponto.  O Brasileirão não perdoa. E começa já na semana que vem.

Encerro a coluna com outro motivo de preocupação: o pífio rendimento do Fluminense nos clássicos estaduais disputados neste século. É inconcebível. Quando vivemos aqueles os quais considero os piores períodos de nossa história (o hiato entre o tricampeonato carioca e o gol de barriga e a sequência de quedas do fim dos anos 90) o que manteve nosso orgulho foram justamente vitórias que conquistávamos sobre os arquirrivais. Nas épocas de vacas magras, elas tinham gostinho de títulos.  Agora, vencer um clássico é artigo raro para o Tricolor. E ser sacaneado até por botafoguense é o fim da picada…

Panorama Tricolor

@PanoramaTri 

Imagem: paro

1 Comments

  1. Até começaram a aparecer botafoguenses…que sina.

    Se não houver melhora, vai acabar o remedinho nas farmácias.

    Gerson já vai tarde.

    Pierre, Cicero e Osvaldo entraram a fazer hora extra.

    O velho WS está de volta.

    Quem poderá nos defender, Henrique é brincadeira.

    Levir deveria armar o time no 3-5-2.

    ST

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