2010, dez anos depois (por Paulo-Roberto Andel)

Naquele Engenhão quentíssimo de 2010 vivi muitas coisas. Minutos antes do jogo, Paulo Cezar Caju estava tranquilamente em frente ao setor leste, de boné, sozinho e ninguém o reconheceu. Incrível.

Na verdade vivíamos dois anos e meio de tensão, desde o vice na Libertadores. Lutas para não cair, duas salvações heróicas e, finalmente, a chance do título. Depois do gol de Emerson, a tensão permaneceu, mas desta vez contando os segundos para o fim do jogo e de uma espera de 26 anos – quando o Flu tinha sido campeão da Série A do Brasileirão pela última vez, eu era um adolescente cheio de sonhos e um torcedor que ria à toa com um time fantástico.

Do gol de Emerson ao fim do jogo levou umas quinze horas em vez de trinta e poucos minutos. Chorei, achei que fosse morrer, pensei nos meus pais, no meu irmão, na minha tristeza e me senti privilegiado em poder presenciar o Fluminense campeão outra vez – mesmo depois de tantas ocasiões, um novo título é sempre uma emoção. E então o jogo acabou. Ganhamos, choramos, nos abraçamos. Eu ainda tinha um motivo especial: no dia seguinte meu primeiro livro iria para a gráfica, contando a história daquele time campeão. Até hoje não sei explicar o que senti além de felicidade, mas sei que foi um dos grandes dias da minha vida.

Em plena arquibancada, entrevistei Letícia Spiller, gravidíssima, linda, simpática, inteligente. A arquibancada foi esvaziando, alguns torcedores a reconheceram e vieram correndo pedir autógrafos. Letícia atendeu a todos.

Depois do jogo caiu um temporal de lavar o Rio. Perdi dois celulares, levei cinco horas para chegar em casa, tudo na tempestade com um calor enorme. Comemorei por muitos e muitos dias. Aquela tarde de glória me levou a um caminho sem volta – e nele, este PANORAMA TRICOLOR.

Dez anos depois, o Fluminense ainda está muito longe do que sonhei naquele dia. Três grandes títulos entre 2010 e 2012 serviram de álibi para uma década quase perdida entre a mediocridade política, o casuísmo, muitas lutas contra o rebaixamento e nenhum outro título expressivo. Contudo, o amor e a torcida permanecem – são intocáveis, só que torcer não é abanar o rabo. Mesmo com todos os problemas de hoje, podemos sonhar com uma boa colocação – só que para um tricolor, o objetivo sempre deve ser o título.

Viva os campeões de 2010! Obrigado por tudo. Viva Berna, Gum, Carlinhos, Deco, Fred, Conca, Sheik, Muricy, Celso, Horcades, Alcides, todo mundo! Todo mundo. Viva os tricampeões brasileiros!

Não importa a ladainha dos peitos de pombo do clube e seus arredores, nem dos esparros da intenet: a honra pioneira de contar a história daquela tarde, daquele ano e daquela época em livro é minha. Vale o escrito. Obrigado, Fluminense.

2 Comments

  1. Paulo: que lindo! Como foi bom estarmos juntos, os anos todos! Nosso Trio-de-Ferro, quantas saudades tenho!
    Daí parti pra minha aventura de torcedora-chuchu-de-festa como diria, com bastante propriedade, minha avó‼️Amo o Fluminense, amo vocês. Amo todos que compartilham comigo nesss aventura. As viagens deliciosas com Alexandre Vilella (bj amigo!) e toff de os os amigos que fiz nesses anos, ligados por essa paixão tricolor!
    Paulo querido, torço sempre por você e pelo seu sucesso! Bj…

  2. Eu estava em outro setor com meu Padrinho, mas minha Mãe estava do seu lado, no primeiro título dela em “carreira solo” (em 85, viu os títulos da Taça GB e do Tri, para me levar). Era o momento de tom maior daquela jornada de 2,5 anos do Trio de Ferro. Ela lembra até hoje com carinho desse apelido, e já me contou muitas vezes da sua emoção depois do jogo, e do quanto ficou preocupada de você passar mal, tamanha a intensidade do seu sentimento naquele momento. No final, são essas coisas que…

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